Projeto ‘Diálogos Entre Cinema e Direito’ discutiu o filme O Abutre Assessoria de Comunicação (ASSECOM)
01/11/2018

O Laboratório de Extensão do Curso de Direito da UFN exibiu, na noite de quarta-feira, 31, o filme O Abutre, como parte do projeto Diálogos Entre Cinema e Direito. A atividade tem como objetivo promover o debate acerca de temas atuais, baseados nas questões levantadas pelo filme exibido.

O encontro consistiu na apresentação de um filme, e posterior debate acerca do assunto tratado, com o objetivo de levar, para além dos muros da sala de aula, debates críticos sobre assuntos contemporâneos, a fim de fomentar o debate e contribuir para a formação crítica dos acadêmicos.

A produção exibida no 3º ano do projeto Diálogos Entre Cinema e Direito, foi o filme "O abutre", que retrata a história do jovem Lou (Jake Gyllenhaal), que vive de pequenos delitos e, uma noite, se depara com o universo desconhecido dos cinegrafistas freelancer, que fornecem conteúdo para as mídias de jornalismo sensacionalista. Ele passa a correr atrás de crimes e acidentes chocantes para registrar e vender aos veículos, e dessa maneira, fica conhecido como um ‘abutre’, que dá o nome ao filme.

O título foi escolhido por Bruno Seligman de Menezes, professor de Direito e Processo Penal da UFN, e advogado criminalista. “Existe um componente que eu considero muito interessante sobre esse filme, que é a exploração comercial da violência, e o papel que a mídia exerce no sistema penal veiculando esse tipo de material. Esses produtos jornalísticos extremamente detalhados acabam, de certa forma, incentivando reproduções”, explicou o docente.

Ao final da exibição, Bruno iniciou sua fala questionando aos presentes sobre quem são os consumidores da televisão aberta. Segundo ele, a programação é um chamariz para prender o expectador em frente à televisão.

O docente também discorreu sobre como os patrocinadores se beneficia dessa relação. “A TV organiza sua programação de acordo com os estereótipos do espectador de acordo com os horários. Por isso, durante a manhã as propagandas são voltadas para as donas de casa, e os telejornais dão maior atenção para as notícias que envolvam uma classe mais abastada, pois é o público que está em frente à televisão durante aquele horário”, disse.

Em seguida, Bruno também discorreu sobre os jornais sensacionalistas, conhecidos pelas reportagens que, segundo ele, escorrem sangue. Para o professor, esse tipo de produção só existe porque vende, seja em forma de notícia, livro ou filme.

“O crime como produto midiático resulta em um ciclo vicioso que começa pelo medo do que é veiculado, e em seguida, esse medo faz com que os espectadores apoiem e exijam ações de criminalização. Essas ações acabam se tornando repressivas, e violentas, o que faz com que o medo se estabeleça novamente. E assim por diante”.

Para finalizar, o professor e advogado defendeu que a violência como produto comercializado, que já faz parte da cultura da sociedade, faz com que o direito penal seja uma das maiores causas do problema existente no sistema carcerário. 

“A situação do sistema prisional vai se tornando cada vez mais caótica, pois a ressocialização é impossível em um ambiente onde se misturam autores de pequenos delitos, como furto, com outros, como homicídio”, finaliza.


Texto e Fotografias: Thayane Rodrigues / Estagiária Jornalismo


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