MEMÓRIA: "O Campus que ganhou espaço na cidade" Assessoria de Comunicação (ASSECOM)
28/02/2020

A Universidade Franciscana está presente na página Memória do Jornal Diário de Santa Maria. O espaço serve como um disseminador de lembranças trazidas pela UFN, que terão relação com o desenvolvimento da cidade de Santa Maria. Os textos serão produzidos por integrantes da Universidade Franciscana.

Confira a edição de 28 de fevereiro de 2020, com texto adaptado e atualizado pelos professores do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFN, Clarissa de Oliveira Pereira e Francisco Queruz, retirado do livro intitulado Centro Universitário Franciscano: educação e empreendedorismo 1955-2015.


O patrimônio construído da Universidade Franciscana surge em um momento de consolidação dos princípios que guiavam a arquitetura e o urbanismo brasileiro desde as primeiras décadas do século XX. O pensamento vigente sobre o ideal de cidade tinha como base os preceitos do urbanismo racionalista, concretizados alguns anos mais tarde com a construção de Brasília, a nova capital do Brasil. As aspirações de uma arquitetura de concepção racionalista também fundamentavam o ideal de cidade universitária, anunciados pelos arquitetos Le Corbusier e Lucio Costa para o projeto não concluído da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.

A concepção do Campus da Universidade Franciscana parte de uma lógica distinta da cidade moderna: a sua organização das partes tanto programática como hierárquica, desenvolve-se no cerne da cidade tradicional.

Convém recordar um pouco da imagem da cidade que precede o estabelecimento dos primeiros núcleos urbanos: a paisagem existente poderia ser descrita pelo primeiro traçado das suas construções e a sinuosidade dos limites naturais do seu entorno. É clara a intenção de um traçado regular, mas que aos poucos perde a precisão, em um gesto bastante familiar herdado do período colonial. O perfil das ruas era delineado por edificações singelas tanto na sua forma quanto na dimensão e definiam um bairro predominantemente residencial.

A Instituição iniciou suas atividades com a criação da Faculdade Imaculada Conceição (FIC), locada inicialmente junto ao Colégio Franciscano Sant’Anna. Somente no ano de 1959 foi inaugurado o primeiro prédio da Faculdade, conformando-se como um núcleo gerador das futuras edificações que representaram a ampliação da Instituição nas outras etapas. Podemos então denominá-lo de núcleo de formação inicial.

No período de 1955 a 1980, pode-se destacar o início da verticalização e densificação da área central da cidade de Santa Maria. Este conjunto educacional, embora com edificações de vários pavimentos, localizado na esquina da Rua Floriano Peixoto e da Rua dos Andradas causou pouco impacto desta natureza para a área.

Na década de 1980, ocorre um adensamento das edificações no centro da cidade de Santa Maria, proveniente do cenário nacional de crescimento econômico. O entorno da instituição, neste momento, já apresenta um sistema viário consolidado e passa a absorver cada vez mais fluxo de pedestres e veículos.

O período entre 1980 e 2000, caracteriza-se pelo aumento considerável da área construída, de forma que isso pode ser confirmado pelo aumento no número de edifícios que compõem hoje o conjunto I, núcleo inicial da Instituição. A estratégia de expansão adotada naquele momento compreendeu a ocupação do interior do quarteirão, o que permitiu que os espaços estivessem próximos e com acesso facilitado. Este período caracteriza como o de consolidação do conjunto I pela integração entre prédios e a ligação dos espaços de interstícios que permaneceram.

Figura 1 - Rua dos Andradas, com o Colégio Franciscano Sant'Anna a
esquerda, na segunda metade da década de 1940. Pode-se perceber, ao
fundo, as construções rarefeitas, tanto da atual Silva Jardim como da
própria Andradas. Foto de Bortolo Achutti, acervo de Wilson Aita.
Retirado de Marchiori, Machado e Noal Filho, 2008.

O período compreendido entre os anos de 2001 e 2010 caracteriza-se pela maior expansão que a Instituição realizou, percebida pelo aumento do número de cursos e, principalmente, pelo aumento de instalações. A área do núcleo inicial, atual conjunto I, recebe a conexão com a Rua Silva Jardim, através da instalação do conjunto administrativo. Porém, a característica mais marcante deste período é a expansão para além do núcleo inicial, criando-se o Conjunto II e o Conjunto III, contiguo ao anterior, expandindo os limites do campus. 

A partir de 2012, iniciam as atividades do prédio 16, localizado no conjunto III, que amplia a ocupação central do quarteirão. Desse modo, a construção do prédio 15, que comporta a Capela Universitária e os espaço de convívio, reforça a consolidação desse espaço, bem como permite uma visão da expansão do tecido urbano da Instituição desde o núcleo de formação inicial.

A intervenção em preexistência da edificação do Hotel Glória estende os limites do campus para a Avenida Rio Branco, no ano de 2010, de maneira que indica uma nova direção de estabelecimento. Esta postura, frente ao patrimônio histórico santa-mariense, aponta uma concordância com as vertentes de conservação contemporâneas, a legislação municipal e a missão institucional, destacando esta edificação neste período.

Atualmente, a Universidade Franciscana apresenta um conjunto coeso e fortemente consolidado em três quarteirões. Portanto, o Campus em seu todo atua como um núcleo de transformação urbana, tanto para área central quanto para o Bairro do Rosário, potencializando um crescimento do seu entorno, inédito se comparado com as etapas anteriores. O crescimento urbano observado representa a importância da Instituição para o desenvolvimento da cidade de Santa Maria.

Figura 2 - Rua Serafim Valandro (direção vertical), no centro, com a 
percepção dos conjuntos I e II do Centro Universitário Franciscano (mais 
ao centro), em janeiro de 2008. Foto de Paulo Fernando dos Santos 
Machado, acervo da Prefeitura Municipal de Santa Maria. Retirado de 
Marchiori, Machado e Noal Filho, 2008.

Figura 3 - Rua Silva Jardim, com a quadra do Colégio Franciscano 
Sant'Anna e, então, Centro Universitário Franciscano em primeiro plano, 
e os conjuntos II e III mais ao fundo, no ano de 2007. Pode-se perceber 
o aumento de densidade no entorno da instituição, plenamente ocupado por edificações. Foto acervo da UFN.


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