Saiba mais sobre o Dia do Descobrimento do Brasil Assessoria de Comunicação (ASSECOM)
20/04/2017
O professor Leonardo Guedes Henn, do curso de História do Centro Universitário Franciscano, explica um pouco mais sobre o Descobrimento do Brasil, data celebrada em 22 de abril:

O 22 de abril de 1500 correspondeu ao anúncio, feito por Portugal para o mundo europeu da época, de que reivindicava a posse do território ao qual chegara em suas viagens pelo Oceano Atlântico. O Tratado de Tordesilhas, de 1494, entre Portugal e Espanha e chancelado pelo Papa, garantiria o seu pleito, já que previa a divisão do mundo descoberto, a partir daí, entre as duas nações. Hoje, é dado como certo que Portugal, nesta data, já conhecia o novo território e que a “descoberta” em 1500 seria apenas uma maneira de tentar evitar a sua invasão por parte de outras potências políticas e militares da época. 

Pode-se considerar o processo de início de colonização portuguesa na América como uma invasão, já que Portugal dominou politicamente e militarmente os povos nativos. Após um contato inicial amistoso, o governo português promoveu a escravização dos indígenas, para que se submetessem a sua autoridade e trabalhassem na extração do pau-brasil e como mão-de-obra geral, para variadas atividades. A tônica da época era a competição comercial entre as nações europeias em processo de formação e, para tanto, quaisquer escrúpulos de consciência eram deixados de lado, tendo em vista o objetivo maior, o enriquecimento nacional. Assim, na América, os povos nativos foram escravizados e dizimados, através de assassinatos ou do contato com doenças. Tratou-se um verdadeiro genocídio, já que a maioria da população nativa foi morta. Além disso, a escravidão africana se tornou algo corrente, sendo os povos capturados e comercializados na África, utilizados como mão-de-obra escrava nos empreendimentos europeus. 

Para justificar as atrocidades cometidas, o mundo europeu da época discutia se os nativos americanos e africanos tinham alma, ou seja, duvidava-se que pertencessem à Humanidade. Apesar da existência de posicionamentos contrários por parte de algumas pessoas, em geral, os indígenas e africanos, no mínimo, eram considerados culturalmente inferiores e sua escravidão, dessa forma, era legitimada. O Outro, ou o Diferente, não era visto como um igual em relação à sua condição de Humanidade.

Certamente, a herança colonial deixou sequelas importantes para o desenvolvimento da América e África. O mundo ocidental tem dificuldades em assumir a responsabilidade histórica por tal situação e, de alguma forma, ser mais ativo em políticas de reparação dos danos. Nas nações americanas, também há resistências às promoções de políticas afirmativas, que tentam reparar as consequências históricas da colonização em relação à negros e à indígenas. 
Observa-se que, hoje em dia, mesmo que se tenha avançado muito, ainda há dificuldade em se lidar com o Outro, com a diversidade cultural. Mesmo que, ao menos explicitamente, não haja mais lugar para o debate acerca da existência ou não de alma relativa a determinados grupos sociais, continua sendo frequente julgar as culturas diferentes a partir do seu próprio modelo. Assim ocorrem com as diferenças culturais, étnicas, de gênero, pessoais (como as necessidades especiais), entre outras possíveis. Urge se praticar, com afinco, o exercício da Empatia. O “se colocar no lugar do Outro” não é algo que todos consigam fazer, precisa ser desenvolvido. 


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