Professor de História fala sobre a Inconfidência Mineira Assessoria de Comunicação (ASSECOM)
20/04/2017
No feriado de 21 de abril, comemora-se o Dia de Tiradentes. O professor Leonardo Guedes Henn, do curso de História do Centro Universitário Franciscano:

A denominada Inconfidência Mineira ocorreu no final do século XVIII (1789), na região de Minas Gerais, no Brasil, colônia portuguesa. Tratou-se de um movimento de parcela de população da Província que questionava o que consideravam excesso na cobrança de impostos relacionados à extração do ouro, especialmente contra a aplicação da Derrama, taxa adicional que poderia ser decretada sempre que o imposto regular, correspondente a um quinto da extração de ouro, não atingisse o valor de 100 arrobas. A composição social geral dos componentes do Levante correspondia a pessoas da classe dominante local, que viviam das atividades mineradoras e eram proprietários de escravos. Alguns estavam endividados, situação relacionada, de alguma forma, à progressiva queda na produção do ouro.

É importante destacar que o contexto europeu e americano do século XVIII influenciou profundamente o evento no Brasil. As ideias iluministas questionavam a excessiva centralização de poder dos governos das monarquias absolutistas e defendiam, em geral, a necessidade de que o poder político estivesse dividido em poderes. A Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789) são representativas deste momento. Urge mencionar que os filhos da elite de Minas Gerais comumente iam para a Europa estudar e, assim, entravam contato com tais ideias. 

A Revolta, além da questão dos impostos e da crítica à tirania, em determinado momento pretendeu o corte dos laços com Portugal com a consequente independência da região. A operacionalização do Levante não chegou a ser efetivada, pois a administração colonial ficou sabendo dos planos, auxiliada pela traição de alguns participantes do Movimento, que fizeram acordo de delação e receberam em troca o perdão de suas dívidas. A Rebelião foi sufocada. Algumas lideranças foram enviadas para o exílio (pena de degredo) e um de seus componentes, Tiradentes, recebeu uma pena exemplar: enforcamento, esquartejamento e maldição para seus descendentes. As razões para a pena mais rigorosa para este último decorrem, provavelmente, de que, em comparação com os demais participantes, ele tinha posição social mais modesta, embora não fosse um homem das camadas mais baixas da sociedade.

No contexto da época, a liberdade de expressão e de manifestação eram extremamente limitadas. O governo colonial objetivava ter o máximo controle sobre as opiniões dos habitantes da Colônia, impedindo a impressão de livros, jornais e a existência de universidades. Passados mais de dois séculos, as mudanças neste sentido são imensas, as manifestações sociais e a imprensa não podem ser proibidas arbitrariamente. A mídia alternativa, especialmente na Internet, garante a presença de vozes dissonantes ao pensamento hegemônico, muito embora, não raro, ocorram ameaças de cerceamento, como as tentativas de restrição ao trabalho de blogueiros ocorridas recentemente.


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