“Os Azuis de Verônica” exposto na IMAS Assessoria de Comunicação (ASSECOM)
05/10/2018

Até o dia 19 de outubro, a exposição “Os Azuis de Verônica” pode ser visitada na Sala de Exposições Angelita Stefani, no Conjunto III da Universidade Franciscana.

Os Azuis de Verônica é a série de foto-performance desenvolvida por Verônica Vaz durante sua residência na cidade de Guanajuato, México, em abril de 2018. Por dez dias a artista percorreu vários pontos históricos, como igrejas, praças, ruas e monumentos. A cidade é conhecida por seu passado colonial, rica em minérios como ouro e prata, cuja fundação data do período pré-colombiano.

Atualmente, a cidade é considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO. Uma das principais características de Guanajuato é que está comunicada por ruas subterrâneas que antigamente eram rios. Assim, em um gesto simbólico de conexão com a cidade, inspirada pela cor marcante da sua arquitetura que dá título à exposição, Verônica decidiu tingir seus próprios cabelos de azul.

A ação se configura por meio do corpo e da performance: ela lava seus cabelos em uma bacia de metal e os seca em uma toalha que vai ficando manchada na medida em que a cor desbota e acentua a passagem do tempo e da artista pelos locais.

Cada dia representa um ponto importante da cidade, uma foto por dia, a cor desbota ao passar do tempo. A relação entre memória e história é evidente, a água trazida à superfície relembra o passado de Guanajuato, porém, ela está restrita à bacia de metal; livre associação dos rios agora secos pela ação humana.


 Contudo, o ato de Verônica, está simbolicamente ligado ao poder sacralizante da água - comumente associada à limpeza e purificação - que ressignifica esse passado ao desbotar da tinta. 

Além disso, de acordo com a artista, a água também evoca o feminino, pois é o elemento associado às emoções. Assim, pode-se pensar a presença da mulher nessa paisagem. Como esse corpo, seus cabelos, suas cores, interagem com o meio onde se encontram?

O trabalho é um processo de presença e conexão, uma troca íntima entre a artista e o local. A tolha com resquícios de tinta azul lembra a figura da outra Verônica. Na narrativa cristã, ela é a personagem que furou a multidão e enxugou o suor do rosto de Jesus quando ele era levado a crucificação. Sua imagem teria ficado impressa no pano que hoje se conhece como o “Véu de Verônica”. 

Além disso, o nome Verônica é uma derivação do latim dos termos vera e icona, que juntos significam “imagem verdadeira”. “Poderíamos estabelecer uma conexão entre passado e presente, construindo uma narrativa única para um local, uma imagem verdadeira de uma cidade? Imaginamos que não. Por isso, vivenciamos a arte como um processo de redescobrimento das nossas origens. Essa é uma das possíveis leituras de Os Azuis de Verônica, te convidamos a descobrir outras juntos”, instiga. 

A exposição fica aberta de segunda a sexta-feira das 14h às 18h e, nas terças e quintas, das 9h às 12h.

Texto: Curadoras Élle de Bernardini e Mel Ferrari


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