Mestrado em Humanidades trabalha com obra premiada Assessoria de Comunicação (ASSECOM)
13/08/2019

Texto e fotos: Thayane Rodrigues

Professores da rede de educação infantil e acadêmicos do Mestrado em Ensino de Humanidades e Linguagens (Mehl) se reuniram na tarde de sexta-feira, 09 de agosto, na Universidade Franciscana, para “Conversar com o Fantasma de Ferro”. O bate-papo abordou o livro que faz um resgate da história da cidade de Santa Maria, e também trabalhou com as maneiras de tratar a educação patrimonial com as crianças em sala de aula.

O autor do livro “O Fantasma de Ferro” é Mario Luiz Trevisan, professor e doutor em engenharia, que leciona as cadeiras de Desenho Técnico e Desenho Digital para acadêmicos do Centro de Tecnologia da UFSM. Trevisan foi co-fundador e gestor do Quadrinhos S.A, núcleo de quadrinistras de Santa Maria. Já a artista responsável pelas ilustrações da publicação é a acadêmica do 8º semestre de Desenho Industrial, Nathalie Coelho Crispim.

O livro foi vencedor do Concurso de Literatura Infantil Ignez Sofia Vargas, promovido pela Academia Santa-Mariense de Letras (ASL) em 2018, e foi lançado no dia 7 de dezembro do mesmo ano. A obra concorreu com outros 16 textos, e como premiação teve 600 exemplares impressos que foram distribuídos para escolas e professores de educação infantil, bibliotecas e para as entidades patrocinadoras.

Nesse concurso, a história vencedora ganha é publicada em forma de livro, que é ilustrado por um artista que, baseado no texto, é encarregado de criar toda a parte visual da publicação. Todo esse processo é feito sem que autor da história e artista se conheçam ou troquem ideias entre si. “O resultado acabou sendo uma surpresa muito agradável”, revela Trevisan.


O papel do professor
A professora e coordenadora do Mehl, Elsbeth Léia Spode Becker, aproveitou o momento para comentar que uma das coisas que chamou a sua atenção no livro foi a escolha do tema, que permeia a preocupação com a história da cidade. “É um trabalho de resgate ferroviário, o cuidado com os monumentos, e a gente percebe isso na personagem da professora da história, que tenta instigar os seus alunos através de uma atividade de recuperação histórica”, avalia.

O professor do curso de Filosofia, Diego Carlos Zanella, destacou sobre a importância de não deixar de lado algumas características que constituem a cidade de Santa Maria. “Sei que a ferrovia foi por durante muito tempo uma parte importante da cidade, e o livro trata de uma forma muito interessante essa ideia de não deixar que isso se apague, pois se quisermos olhar para o futuro, e para onde vamos, é preciso valorizar o passado, de onde viemos”, finaliza.

História do livro
O Fantasma de Ferro tem como personagem principal a locomotiva exposta em frente à Biblioteca Municipal, na Avenida Presidente Vargas. Durante a noite, a máquina é conduzida por três fantasmas. Durante uma de suas viagens, a locomotiva recebe a bordo um menino que está tendo aulas sobre o desmonte ferroviário no Brasil, e é a partir dessa aventura que o autor trabalha, de forma lúdica, questões de cidadania e transporte ferroviário, e ao mesmo tempo, aborda sobre o abandono no qual se encontra a malha ferroviária e seus monumentos nos dias atuais.

De acordo com Trevisan, que foi filho de pai ferroviário, uma de suas inspirações para criar a história foi homenagear a lembrança do pai. Outra razão, que ele classifica como sua motivação poético-afetiva, foi a partir da observação de uma imagem de satélite que mostra o entroncamento entre os trilhos que por muito tempo ligaram uma cidade à outra, hoje abandonados.

Ainda segundo Trevisan, por mais que o seu livro tenha sido classificado em um concurso de literatura infantil, a linguagem utilizada por ele evita o uso de diminutivos e enfeites, buscando aliar realidade, o conhecimento e a fantasia. “Durante as pesquisas para o livro eu acabei descobrindo que o nome da ferramenta que fazia a mudança dos trilhos antigamente se chamava “queijo de minas”, por conta do formato, então, na história, o operador dessa manivela chama-se Mineiro do Queijo. É uma maneira de trabalhar a informação de forma técnica e histórica para a construção e aplicação do conhecimento”, explica.


Mundo lúdico do conhecimento
Trabalhando com acadêmicos do ensino superior desde 1988, Trevisan busca incentivar em suas aulas o princípio histórico do funcionamento das coisas, independentemente da existência de novas tecnologias. Para ele, esta também foi uma de suas inspirações para a história do livro, que pode gerar uma trilogia.

Segundo Nathalie, que ilustrou as 24 páginas do livro em cerca de 20 dias, ela recebeu a história escrita por Trevisan já distribuída entre as páginas, e a partir de uma breve pesquisa sobre o assunto, iniciou o processo de ilustração. A acadêmica de Desenho Industrial revela que cresceu próximo à locomotiva, e que isso foi uma grande inspiração trabalhar com o conceito de nostalgia presente no livro.

A artista explicou que por se tratar de um livro infantil, ele torna-se contemplativo para o adulto que o lê, então ela decidiu trabalhar com o exagero das formas para transmitir a sensação de movimento. Nathalie também utilizou as cores e o brilho para ilustrar os fantasmas, que são coloridos e expressivos.

A acadêmica, que atualmente está no 8º semestre do curso, falou para uma plateia repleta de professores e mestres, para ela, essa foi uma experiência muito diferente. “Uma coisa que sempre me cativou muito é o poder de uma cena, que consegue transmitir diversas emoções, mesmo sendo apenas um desenho”, considera Nathalie.



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