23/05/2019
A personagem Mônica, criada pelo cartunista Maurício de Sousa, é conhecida por reagir de forma agressiva às críticas que seu amigo Cebolinha faz a respeito de sua aparência. Ela sofre de uma condição dentária conhecida como mordida cruzada, que é quando arcada de cima não se encaixa direito com a de baixo, e por conta disso, é chamada de “dentuça”.
Mas, qual o momento certo de procurar um dentista para corrigir problemas dentários em crianças e adolescentes, assim como o da Mônica? Foi sobre isso que o Prof. Dr. Marcel Farret explanou na II Jornada de Odontologia da Universidade Franciscana. O palestrante tem experiência na área de ortodontia e materiais dentários, atuando principalmente com aparelhos extra-bucal e expansão rápida.
Durante a fala 'Ortodontia e ortopedia em crianças e adolescentes: o que podemos fazer, e qual a época ideal?', ele destacou que o tratamento ortopédico visa guiar o crescimento dos ossos da maxila (parte de cima) e mandíbula (parte de baixo) para melhor posicioná-los e, também, educar a postura da língua e da mandíbula. E, para isso, são utilizados aparelhos que podem ser fixos ou móveis.
Segundo Marcel, em casos como este, é indicado identificar se o problema é esquelético, pois nessas situações é indicado o tratamento durante o período de início do pico de surto de crescimento, que acontece, para as meninas, entre os 10 e 11 anos, e para os meninos, entre os 12 e 13 anos de idade. Nessas situações, ele não aconselha o tratamento em crianças tão novas, pois entre os 7 e 9 anos de idade, acontece a sua fase mais ativa, época em que estão dispostas a sofrer fraturas nos dentes incisivos.
Já em alguns casos de mordida cruzada, o dentista aconselha iniciar o tratamento logo após o diagnóstico precoce, realizado entre 4 e 8 anos, visando corrigir o problema o quanto antes, para que, durante a troca da dentição decídua para os dentes permanentes, este problema não se agrave, resultando em desvios dentários e outras complicações. Essa atitude auxilia no desenvolvimento da harmonia facial, e também contribui para a autoestima da criança.
De acordo com o palestrante, acreditava-se até pouco tempo atrás que era possível fazer crescer a mandíbula através do uso de uma mentoneira, um aparelho utilizado em volta da cabeça e que, supostamente, auxiliava no controle do crescimento da mandíbula. Esse tratamento foi refutado, já que tratamentos precoces se provaram mais eficazes em um menor período de tempo, já que a mentoneira apresentava resultados a partir de 7 anos de uso.
O ortodontista incentiva a prática do diagnóstico a partir dos 3 anos de idade, para a correção de desvios e tratamento dentário precoce, visando melhores resultados em uma possível segunda fase de tratamento odontológico, já na fase da adolescência.
Em casos de mordida aberta causada pelo uso de bicos e chupetas, é aconselhado o tratamento com aparelho impedidor removível, ou até mesmo o uso de esporões. Esses processos tem a duração máxima de oito a dez meses, período este que, no futuro, durante um possível tratamento ortodôntico, será diminuído do tempo de uso de um aparelho fixo, por exemplo.
“A importância da intervenção precoce é que ela dá benefícios funcionais para os pacientes, e estes são relativos a mastigação, a fonação e também a deglutição. Há também os benefícios estéticos, já que muitos pacientes em fase de infância e adolescência reclamam muito das questões de bullying, relacionamentos e colégio, por conta do problema estético. Para esses dois problemas eu indico um tratamento precoce, que pode variar desde a dentição decídua (entre 4 e 5 anos), até a permanente (12-13). O profissional deve saber identificar quando indicar um tratamento na dentição mista (entre 8 e 10 anos), já que essas iniciativas podem reduzir a complexidade, ou até mesmo eliminar a necessidade de uma segunda fase de tratamento odontológico futuro”, explica Marcel.
A Jornada do curso de Odontologia da Universidade Franciscana ocorre até essa quinta-feira, 23 de maio, e a programação completa da atividade pode ser acessada clicando aqui.
