79% dos idosos de Santa Maria não usam preservativo Assessoria de Comunicação (ASSECOM)
29/11/2018

No dia 1º de dezembro é comemorado o Dia Mundial de Combate à Aids. Em alusão à data, a egressa do Curso de Biomedicina da Universidade Franciscana, Adeline Viero, submeteu um artigo para publicação na Revista Ciência e Saúde Coletiva, que é resultante da pesquisa realizada durante seu Trabalho Final de Graduação. O estudo teve como objetivo verificar o nível de conhecimento dos idosos de Santa Maria a respeito das características da infecção pelo vírus HIV/Aids.

Com o tema “Avaliação do conhecimento sobre HIV/Aids na população idosa de Santa Maria/RS: uma abordagem epidemiológica”, a pesquisa foi realizada entre os meses de abril e junho de 2018. Adeline contatou mais de 100 pessoas, mas não teve tempo de analisar todos os dados obtidos, então, após a apresentação de seu trabalho de conclusão  defendido em julho, ela finalizou o trabalho com todos os dados obtidos.

Orientada pelo docente do curso de Biomedicina da UFN, professor Huander Felipe Andreolla, Adeline relata que sempre gostou de trabalhar com pessoas, principalmente com idosos, então não teve dúvidas quando seu orientador lhe sugeriu o tema de pesquisa. O estudo recebeu o auxílio da acadêmica do 4º semestre do curso, Vitória de Almeida Bassotto, para a aplicação dos questionários.

Para elaboração da pesquisa, participaram 108 idosos com idade média de 72 anos, sendo a maioria composta por mulheres, contando com apenas 6 homens. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário, chamado de QHIV3I e validado por Alexandre Ramos Lazzarotto, que foi orientador do professor Huander durante sua graduação na Universidade  Feevale.

“Durante esse tipo de pesquisa, é preciso levar em consideração o instrumento utilizado durante o estudo para a coleta dos dados, ou seja, não basta apenas aplicar uma série de perguntas elaboradas pelo pesquisador. Por isso utilizamos este tipo de questionário: pelo fato de já estar validado, ele garante a obtenção de dados que seguem uma linha metodológica, e são fáceis de serem compreendidos. Dessa forma, as respostas representam um coletivo de pessoas, validando externamente os resultados”, explica Huander.

No questionário constam questões relacionadas às características demográficas, e incluem questões referentes aos domínios de conhecimento do tema HIV/Aids, divididos em cinco seções: conceito, transmissão, prevenção, vulnerabilidade e tratamento. 

Os resultados obtidos mostraram que nos domínios “conceito” e “transmissão”, 40,7% dos participantes assinalaram que as pessoas com o vírus sempre apresentam sintomas e 27,8% não sabiam se um mosquito poderia ou não transmitir o vírus do HIV.

Em “prevenção” e “vulnerabilidade”, 23,1% dos participantes não sabiam da existência da camisinha feminina e 16,7% consideram que a Aids ainda é uma doença relacionada a homossexualidade, usuários de drogas e prostitutas. E quanto ao “tratamento”, 31,5% não sabiam que a Aids é incurável.

Além do questionário QHIV3I, foram realizadas duas perguntas adicionais sobre aspectos relacionados ao uso de preservativos e a realização de teste sorológico. Dos participantes, 79,6% referiram não fazer uso de preservativo e apenas 19,44% relatam já ter realizado o exame laboratorial para a pesquisa de anticorpos anti-HIV1/2.

Sobre os resultados, o professor Huander destaca a importância do estudo como uma base para a aplicação de ferramentas e programas de educação em saúde voltada para os idosos.

“Pelos resultados, a gente percebe que muitos deles acreditam na cura, que não existe. Há sim tratamento, mas este depende essencialmente do diagnóstico. Muitos deles também relacionam o vírus com a sexualidade e, também, não fazem o uso da camisinha devido à idade, e acabam se colocando em risco por serem sexualmente ativos, mas não tomarem as devidas precauções”, observa.

Já a realizadora da pesquisa, Adeline destaca a desinformação da população sobre o assunto. “As campanhas produzidas e espalhadas por aí são mais voltadas para os jovens e a população idosa é esquecida. É preciso criar campanhas de conscientização que abracem esse público”, acrescenta a egressa.

Texto: Thayane Rodrigues / Estagiária Jornalismo
Imagens: divulgação / arquivo pessoal


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